Folclore

A Lenda do Caipora ou Curupira


"Este mito que protege nossa fauna e nossa flora, que desorienta o caçador predador, que parte o machado de quem abater árvores sem necessidade.

Ele que permite através da preservação da natureza, que se preserve assim também pelo maior tempo possível a espécie humana.

Tendo em vista a preocupação da humanidade em relação à ecologia,   assim como o próprio folclore, em sintonia com o planeta."

Entidade mítica de idealização folclórica de procedência tupi-guarani (de "curu"-corruptela de curumim + "pira" = corpo, corpo de menino), com ligações originárias ao homem primitivo e de atributos heróicos na proteção da fauna e da flora.

Tem como principal signo a direção contrária dos pés em relação ao próprio corpo, o que constitui um artifício natural para despistar os caçadores, colocando-os numa perseguição a falsos rastros.

Possui extraordinários poderes e é implacável com os caçadores que matam pelo puro prazer de fazê-lo;

Há, entretanto variantes, extremamente divergentes dessas idéias, onde o Curupira (e/ou Caipora, do tupi-guarani "caá", mato, e "pora", habitante), é um ser medonho e perverso: "o demônio das florestas"; na concepção pictória, "aparece" de várias formas: como um menino de corpo peludo, cabelos avermelhados e dentes verdes; como um curumim; como um duende sem cabelos e com o corpo coberto de pelos verdes; como um anão, um caboclinho, etc.

É um mito existente em todo o Brasil. É um ente fantástico, demoníaco, cruel para os que não o atendem. É representado ora como mulher unípede, o Caipora-Fêmea, ora como um tapuio encantado,nu, que fuma no cachimbo, este último na área do Maranhão a Minas.

Manoel Ambrósio dá a notícia, no Nordeste, de um caboclinho com um olho só no meio da testa, descrição que nos faz lembrar dos ciclopes gregos. Também aparece no Paraná como um homem peludo que percorre as matas montado num porco-espinho.

No Vale do Paraíba, estado de São Paulo, ele é descrito como um caçador façanhudo, bastante feio, de pêlos verdes e pés virados para trás.

Outro nome do Caipora, ou Caapora, é Curupira, protetor das árvores, chamado assim quando apresenta os pés normais.

Em algumas regiões, há fusão dos dois duendes, em outras elas coexistem. O mito emigrou do Sul para o Norte, conforme conclusão dos estudiosos.

Existe na Argentina o mesmo duende, como um gigante peludo e cabeçudo. Couto de Magalhães aceita a influência platina no nosso Caipora.

Nesse conto brasileiro, o duende vira ao avesso o caçador. Também é comum, principalmente em Minas e São Paulo, o castigo de matar de cócegas aquele que não tem fumo para contentá-lo.

O Caipora, ou Pai-do-Mato, é protetor da caça e reina sobre todos os animais.

É mau espírito. Infelicita os que encontra, quando não lhe dá tremendas surras. Deparar o Caipora traz conseqüências desagradáveis.



O Caipora, também chamado Curupira e, em algumas regiões, Caiçara, justificado pelas lendas ameríndias, é protetor da caça e guardião dos caminhos. Em maio de 1550, dizia o Padre Anchieta que o Caiçara maltratava os índios nas brenhas, com chicotadas.

Chegava até a matá-los, à força de maltratos. Os índios, para apaziguá-lo, deixavam para ele, nas clareiras, penas de pássaros, redes, esteiras. Segundo Gonçalves Dias, Curupira é o espírito mau que habita as florestas. Descreve-o assim: 'Veste as feições de um índio anão de estatura, com armas proporcionais ao seu tamanho'. Governa os porcos-do-mato e anda com varas deles, barulhando pela floresta. O mesmo mito é encontrado em toda a América Espanhola: no Paraguai, na Bolívia, na Venezuela.

Entre os Chipaias, tribo guarani moderna, há a crença no Curupira, como sendo um monstro antropófago, gigantesco, muito simplório, conforme relato de Artur Ramos, em Introdução à Antropologia Brasileira.

Apesar de serem conhecidos o nome e o mito Curupira, no Vale do Paraíba é mais encontradiço o nome Caipora, usado até para designar gente de cabeleira alvoroçada.

Lá, é um caboclinho feio pra danar, anão de pés virados para trás, cabeludo. Viaja montado em um porco-espinho, com a cara virada do lado do rabo da montaria.

Quem vai mato a dentro, tem que se prevenir com fumo de rolo, para lhe oferecer.


Curupira ( Lenda Mineira)

Guardião das florestas e dos animais, o Curupira é um pequeno ser com traços índios, cabelo de fogo e com os pés virados para trás que possui o dom de ficar invisível. Diizem que o curupira é o protetor daqueles que sabem se relacionar com a natureza, utilizando-a apenas para a sua sobrevivência, ou seja, o homem que derruba árvores para construir sua casa e seus utensílios, ou ainda para fazer o seu roçado e caça apenas para alimentar-se, tem a proteção do Curupira. Mas aqueles que derrubam a mata sem necessidade, os que caçam indiscriminadamente,estes têm no Curupira um terrível inimigo e acabam caindo em suas armadilhas. Para se vingar daqueles que destroem a floresta, o Curupira se transforma em caça, uma paca, onça ou qualquer outro bicho que atraia os caçadores para o meio da floresta, fazendo-o perder a noção de seu rumo e ficar dando voltas no mato, retornando sempre ao mesmo lugar. Outra forma de atingir os maus caçadores é fazendo com que sua arma não funcione ou fique incapaz de acertar qualquer tipo de alvo, principalmente a caça. Na realidade, a lenda do Curupira revela a relação dos índios brasileiros com a mata. Não é uma relação de exploração, de uso indiscriminado, mas de respeito pela vida. 

- Curupira (Protetor das árvores e dos animais) - Kurupira : corpo de menino - do tupi-guarani - Kurumí: menino (curumim). O curupira é um personagem mitológico, com pêlos vermelhos e pés virados, conseguindo desnortear completamente os caçadores que sempre seguem na direção contrária e ficam perdidos na floresta. Vive metido no meio do mato, habita toda a região amazônica. É o ente protetor das florestas. Pressentindo as tempestades que poderão trazer danos à floresta, bate nas árvores para que estas se despertem e assim resistam à fúria da intempéries. É considerado nosso mito mais antigo e que tem, nitidamente, uma criação livre de influências dos colonizadores. Mito conhecido de vários índios sul-americanos, na Venezuela, o chamam de Máguare. Na Colômbia, Selvage. Os incas peruanos o denominam Chudiachaque . A cabeça também varia: em alguns lugares, ele é careca, em outros tem cabeleira vermelha. Mas todos o descrevem como um anão com os pés às avessas-calcanhar para frente, dedos para trás. Seu rastro engana o caçador predador, fazendo com que se perca na floresta. Quebra o machado de quem desmata a floresta. Não varia, também, sua função de ente protetor da flora e da fauna. O curupira muitas vezes é descrito como uma entidade má e assassina, não tendo piedade dos caçadores. Por isso, os índios que nele acreditam costumam deixar artefatos como uma espécie de oferenda para que os curupiras não os ataquem. Uma de suas táticas é o uso de um assobio alto e estridente que tem o poder de desorientar o alvo, fazendo-o perder-se na mata. (Almanaque Abril, 1995 / Globinho Pesquisa, Lendas Indígenas, 1990)
Na teologia indígena, o curupira apresenta-se como um moleque de aproximadamente 7 anos, com o corpo coberto de longos pêlos e tendo os pés virados para trás. As primeiras informações foram registradas pelos portugueses, nos primeiros séculos do Descobrimento, e desde aquela época é visto como um ente maléfico, um demônio ou um mau espírito. As informações também são as mais diversas: ora é um duende benfazejo, ora um demônio mau; ora um gnomo ou um ogro. O ponto em que todos são unânimes é quanto à sua condição de deus autóctone das selvas, um protetor. Há no Brasil versões em que o curupira aparece com avantajado órgão sexual, que utiliza como tacape. Conta-se que durante as tempestades ouve-se um bater nas sapopemas e troncos de grandes árvores. É o curupira, que verifica se elas estão em condições de agüentar os fortes ventos. Noutra versão ele se utiliza de uma pesada maça ou clava, ou do próprio calcanhar, que é para a frente. Como protetor das florestas, castiga impiedosamente aquele que caça por prazer, que mata as fêmeas prenhas e os filhotes indefesos, mas ampara o caçador que tem na caça o seu único recurso alimentar, ou que abate o animal por verdadeira necessidade. Também protege os pescadores que se aventuram nos incontáveis rios, igarapés, etc., durante o período das chuvas, mais fortes entre os meses de novembro e maio..

Uirapuru

O uirapuru é conhecido como o pássaro da felicidade. Seu canto é único e melodioso, encanta pela beleza das notas. Os caboclos da região amazônica creditam a este pássaro dotes fantásticos, chegando a empalhá-lo para ser vendido nas feiras como amuleto.
Quando o uirapuru canta, toda a floresta silencia para ouví-lo. É um momento mágico e único.

 Pirarucú
O pirarucu é um peixe da Amazônia, cujo comprimento pode chegar até 2 metros. Suas escamas são grandes e rígidas o suficiente para serem usadas como lixas de unha, ou como artesanato ou simplesmente vendidas como souvenirs. A carne do Pirarucu é suave e usada em pratos típicos da nossa região. Pode também ser preparada de outras maneiras, frequentemente salgada e exposta ao sol para secar. Se fresca ou seca, a carne do pirarucu é sempre uma delícia em qualquer receita. Pirarucu era um índio que pertencia a tribo dos Uaiás que habitava as planícies de Lábrea no sudoeste da Amazonia.
Ele era um bravo guerreiro mas tinha um coração perverso, mesmo sendo filho de Pindarô, um homem de bom coração e também chefe da tribo. Pirarucu era cheio de vaidades, egoísmo e excessivamente orgulhoso de seu poder. Um dia, enquanto seu pai fazia uma visita amigável a tribos vizinhas, Pirarucu se aproveitou da ocasião para tomar como refém índios da aldeia e executá-los sem nenhuma motivo. Pirarucu também adorava criticar os deuses. Tupã, o deus dos deuses, observou Pirarucu por um longo tempo, até que cansado daquele comportamento, decidiu punir Pirarucu. Tupã chamou Polo e ordenou que ele espalhase seu mais poderoso relâmpago na área inteira. Ele também chamou Iururaruaçú, a deusa das torrentes, e ordenou que ela provocasse as mais fortes torrentes de chuva sobre Pirarucú, que estava pescando com outros índios as margens do rio Tocantins, não muito longe da aldeia. O fogo de Tupã foi visto por toda a floresta. Quando Pirarucu percebeu as ondas furiosas do rio e ouviu a voz enraivecida de Tupã, ele somente as ignorou com uma risada e palavras de desprezo. Então Tupã enviou Xandoré, o demônio que odeia os homens, para atirar relâmpagos e trovões sobre Pirarucu, enchendo o ar de luz. Pirarucu tentou escapar, mas enquanto ele corria por entre os galhos das árvores, um relâmpago fulminante enviado por Xandoré acertou o coracão do guerreiro que mesmo assim ainda se recusou a pedir perdão. Todos aqueles que se encontravam com Pirarucu correram para a selva terrivelmente assustados, enquanto o corpo de Pirarucu, ainda vivo, foi levado para as profundezas do rio Tocantins e transformado em um gigante e escuro peixe. Pirarucu desapareceu nas águas e nunca mais retornou, mas por um longo tempo foi o terror da região.


  Açaí

Antes de existir a cidade de Belém, capital do Estado do Pará na Amazônia, uma tribo muito numerosa ocupava aquela região. Os alimentos eram escassos e a vida tornava-se cada dia mais difícil com a necessidade de alimentar todos os índios da tribo.
Foi aí que o cacique da tribo, chamado de Itaki tomou uma decisão muito cruel. Ele resolveu que a partir daquele dia todas as crianças que nascessem seriam sacrificadas para evitar o aumento de índios da sua tribo. Um dia, no entanto, a filha do cacique, que tinha o nome de IAÇÃ, deu à luz uma linda menina, que também teve de ser sacrificada. IAÇÃ ficou desesperada e todas as noites chorava de saudades de sua filhinha. Durante vários dias, a filha do cacique não saiu de sua tenda. Em oração, pediu à Tupã que mostrasse ao seu pai uma outra maneira de ajudar seu povo, sem ter que sacrificar as pobres crianças. Depois disso, numa noite de lua, IAÇÃ ouviu um choro de criança. Aproximou-se da porta de sua oca e viu sua filhinha sorridente, ao pé de uma esbelta palmeira. Ficou espantada com a visão, mas logo depois, lançou-se em direção à filha, abraçando-a. Mas, misteriosamente a menina desapareceu.
IAÇÃ ficou inconsolável e chorou muito até desfalecer.
No dia seguinte seu corpo foi encontrado abraçado ao tronco da palmeira. No rosto de IAÇÃ havia um sorriso de felicidade e seus olhos negros fitavam o alto da palmeira, que estava carregada de frutinhos escuros. O cacique Itaki então, mandou que apanhassem os frutos em alguidar de madeira, o qual amassaram e obtiveram um vinho avermelhado que foi batizado de AÇAÍ, em homenagem a IAÇÃ (invertido é igual a açai). Com o açai, o cacique alimentou seu povo e, a partir deste dia, suspendeu sua ordem de sacrificar as crianças.mas de respeito pela vida. 

Mandioca

Em uma certa tribo indígena a filha do cacique ficou grávida.
Quando o cacique soube deste fato, ficou muito triste, pois seu maior sonho era que a sua filha se casasse com um forte e ilustre guerreiro. No entanto, agora ela estava esperando um filho de um desconhecido. À noite, o cacique sonhou que um homem branco aparecia a sua frente e dizia para que ele não ficasse triste, pois sua filha não o havia enganado e que ela continuava sendo pura. A partir deste dia, o cacique voltou a ser alegre e a tratar bem sua filha. Algumas luas se passaram e a índia deu a luz a uma linda menina de pele muito branca e delicada, que recebeu o nome de Mani . Mani era uma criança muito inteligente e alegre, sendo muito querida por todos da tribo. Um dia, em uma manhã ensolarada, Mani não acordou cedo como de costume. Sua mãe foi acordá-la e a encontrou morta. A índia desesperada resolveu enterrá-la dentro da maloca. Todos os dias a cova de Mani era regada pelas lágrimas saudosas de sua mãe. Um dia, quando a mãe de Mani fora até a cova para regá-la novamente com suas lágrimas, percebeu que uma bela planta havia nascido naquele local. Era uma planta totalmente diferente das demais e desconhecida de todos os índios da floresta. A mãe de Mani começou a cuidar desta plantinha com todo carinho, até que um dia percebeu que a terra à sua volta apresentava rachaduras. A índia imaginou que sua filha estava voltando à vida e, cheia de esperanças, começou a cavar a terra. Em lugar de sua querida filhinha encontrou raízes muito grossas, brancas como o leite, que vieram a tornar-se o alimento principal de todas as tribos indígenas. Em sua homenagem deram o nome de MANDIOCA, que quer dizer Casa de Mani.

 Vitória Régia

Há muitos anos, nas margens do majestoso rio Amazonas, as jovens e belas índias de uma tribo, se reuniam para cantar e sonhar seus sonhos de amor. Elas ficavam por longas horas admirando a beleza da lua branca e o mistério das estrêlas sonhando um dia ser uma delas. Enquanto o aroma da noite tropical enfeitava aqueles sonhos, a lua deitava uma luz intensa nas águas, fazendo Naia, a mais jovem e mais sonhadora de todas, subir numa árvore alta para tentar tocar a lua. Ela não obteve êxito. No próximo dia, ela e suas amigas, subiram as montanhas distantes para sentir com suas mãos a maciez aveludada da lua, mas novamente elas falharam. Quando elas chegaram lá, a lua estava tão alta que todas retornaram a aldeia desapontadas. Elas acreditaram que se pudessem tocar a lua, ou mesmo as estrêlas, elas se transformariam em uma delas. Na noite seguinte, Naia deixou a aldeia esperando realizar seu sonho. Ela tomou o caminho do rio para encontrar a lua nas negras águas. Lá, imensa, resplandescente, a lua descansava calmamente refletindo sua imagem na superfície da água. Naia, em sua inocência, pensou que a lua tinha vindo se banhar no rio e permitir que fosse tocada. Naia mergulhou nas profundezas das águas desaparecendo para sempre. A lua, sentindo pena daquela tão jovem vida agora perdida, transformou Naia em uma flor gigante - a Vitória Régia - com um inebriante perfume e pétalas que se abrem nas águas para receber em toda sua superfície, a luz da lua.

 Lua

A seguinte lenda conta sobre a origem da lua. Manduka namorava sua irmã. Todas as noites ia deitar com ela, mas não mostrava o rosto e nem falava, para não ser identificado. A irmã, tentando descobrir quem era, passou tinta de jenipapo no rosto de Manduka. Manduka lavou o rosto, porém a marca da tinta não saiu. Então ela descobriu quem era. Ficou com vergonha, muito brava e chorou muito. Manduka também ficou com vergonha pois todos passaram a saber o que ele havia feito. Então Manduka subiu numa árvore que ia até o céu. Depois, ele desceu e foi dizer aos Jurunas que ia voltar para a árvore e que não desceria nunca mais. Levou uma cotia pra não se sentir muito só. Aí virou lua. É por isso que a lua tem manchas escuras, por causa do jenipapo que a irmã passou em Manduka. No meio da lua costuma aparecer uma cotia comendo coco. É a outra mancha que a lua tem. 

Boto

Durante as noites de festa, o boto transforma-se em um belo rapaz vestido de branco e usando um chapéu. Dizem que dança muito bem e gosta de beber. Como um cavalheiro, ele conquista e encanta a jovem mais bonita e a leva para o rio. Tempos depois a moça aparece grávida. Dizem algumas versões do mito, que o boto, quando está transformado em homem, nunca tira o chapéu branco para que não lhe vejam o orifício que tem no alto da cabeça. A lenda do boto é mais uma crença que o povo costumava lembrar ou dizer como piada quando uma mulher fica grávida e se desconhece a paternidade. Daí se diz: "Foi o boto." 

Iara

A Iara é uma dos mitos mais conhecidos da região amazônica. É uma linda mulher morena, de cabelos negros e olhos castanhos. Exerce grande fascínio nos homens, pois aqueles que a vêem banhar-se nos rios não conseguem resistir aos seus encantos e atiram-se nas águas. Os que assim o faz, nem sempre voltam vivos e os que sobrevivem, voltam assombrados, falando em castelos, séquitos e cortes de encantados. É preciso muita reza e pajelança para tirá-lo do encantamento. Alguns descrevem Iara como tendo uma cintilante estrela na testa, que funciona como chamariz que atrai e hipnotiza os homens. Acredita-se também que ela tem forma de peixe na parte inferior, outros dizem que é apenas um vestido, ou uma espécie de saia, que ela veste por vaidade e para dar a ilusão de ser metade mulher, metade peixe. Em certos locais, dizem que Iara é um boto-fêmea. Ela também encanta os homens e levá-os para o fundo do rio. Em outros lugares dizem ser a própria boiúna (cobra grande).
Lenda do rio
A origem dos rios Xingu e Amazonas também faz parte do imaginário indígena. Dizem que antigamente era tudo seco. Juruna morava dentro do mato e não tinha água nem rio Juriti era a dona da água, que a guardava em três tambores. Os filhos de Cinaã estavam com sede e foram pedir água para o passarinho, que não deu e disse: "Seu pai é Pajé muito grande, porque não dá água para vocês?" Aí voltaram para casa chorando muito. Cinaã perguntou porque estavam chorando e eles contaram. Cinaã disse para eles não irem mais lá que era perigoso, tinha peixe dentro dos tambores. Mas eles foram assim mesmo e quebraram os tambores. Quando a água saiu, Juriti virou bicho. Os irmãos pularam longe, mas o peixe grande que estava lá dentro engoliu Rubiatá (um dos irmãos) , que ficou com as pernas fora da boca. Os outros dois irmãos começaram a correr e foram fazendo rios e cachoeiras. O peixe grande foi atrás levando água e fazendo o rio Xingu. Continuaram até chegar no Amazonas. Lá os irmãos pegaram Rubiatá, que estava morto. Cortaram suas pernas, pegaram o sangue e sopraram. Rubiatá virou gente novamente. Depois eles sopraram a água lá no Amazonas e o rio ficou muito largo. Voltaram para casa e disseram que haviam quebrado os tambores e que teriam água por toda a vida para beber.

Saci
A Lenda do Saci data do fim do século XVIII. Durante a escravidão, as amas-secas e os caboclos-velhos assustavam as crianças com os relatos das travessuras dele. Seu nome no Brasil é origem Tupi Guarani. Em muitas regiões do Brasil, o Saci é considerado um ser brincalhão enquanto que em outros lugares ele é visto como um ser maligno. É uma criança, um negrinho de uma perna só que fuma um cachimbo e usa na cabeça uma carapuça vermelha que lhe dá poderes mágicos, como o de desaparecer e aparecer onde quiser. Existem três tipos de Sacis: O Pererê, que é pretinho, O Trique, moreno e brincalhão e o Saçurá, que tem olhos vermelhos. Ele também se transforma numa ave chamada Matiaperê cujo assobio melancólico dificilmente se sabe de onde vem.
Ele adora fazer pequenas travessuras, como esconder brinquedos, soltar animais dos currais, derramar sal nas cozinhas, fazer tranças nas crinas dos cavalos, etc. Diz a crença popular que dentro de todo redemoinho de vento existe um Saci. Ele não atravessa córregos nem riachos. Alguém perseguido por ele, deve jogar cordas com nós em seu caminho que ele vai parar para desatar os nós, deixando que a pessoa fuja. Diz a lenda que, se alguém jogar dentro do redemoinho um rosário de mato bento ou uma peneira, pode capturá-lo, e se conseguir sua carapuça, será recompensado com a realização de um desejo.

Boitata
- Boitatá ou mboitatá ou mboi-tatá (Gênio protetor dos campos) - É uma cobra-de-fogo (boia = cobra + atatá = fogo), que vaga pelos campos, protegendo-os contra aqueles que os incendeiam. Serpente transparente que incandescia como se estivesse queimando por dentro. O padre José de Anchieta, em 1560, é o primeiro a mencionar a boitatá como personagem do mito indígena brasileiro. Esse é o nome dado pelos índios ao fogo fátuo. É um fogo de cor azul-amarelado, que não queima o mato seco e nem tampouco esquenta a água dos rios, o fogo simplesmente rola, gira, corre, arrebentando-se e finalmente apagando-se. " ...Quem encontra a boitatá pode até ficar cego... Quando alguém topa com ela só tem dois meios de se livrar: ou ficar parado, muito quieto, de olhos fechados apertado e sem respirar, até ir-se ela embora, ou, se anda a cavalo, desenrodilhar o laço, fazer uma armada grande e atirar-lha por cima, e tocar a galope, trazendo o laço de arrasto, todo solto, até a ilhapa! "

Cuca

- Cuca (Bruxa) - Coca em Portugal: mulher feia e velha; feiticeira; ameaça, medo, susto que se prega. Influenciada pela bruxa de origem européia é uma velha feia que ameaça crianças desobedientes, em especial as que não querem dormir à noite. Monteiro Lobato transformou a Cuca em personagem do "Sítio do Picapau Amarelo" .
Cuca - É, certamente, o mais difundido mito do ciclo do medo infantil. Não tem características físicas definidas (apesar de Monteiro Lobato, grande escritor Brasileiro, imaginá-lo como sendo um grande jacaré verde com as costas coloridas em vários tons e com uma cabeleira branca enorme que lhe cai até próximo do início da longa cauda). Sabe-se que leva os infantes insones para um sítio distante e misterioso onde deverão ser devorados ou fazer parte em alguma magia qualquer.

 Lobisomem


Homem que se transforma em lobo ou outro animal, segundo a crendice popular, e que vagueia de noite para cumprir o seu fado. Homem aparentemente comum, vive e trabalha como os demais da comunidade. Nas noites de lua cheia se transforma em um lobo ou em um homem peludo com cabeça de lobo e ataca quem cruza o seu caminho. Antes do dia clarear readquire a forma humana. "O lobisomem é o filho que nasceu depois de uma série de 7 filhas. Aos 13 anos, numa terça ou quinta-feira, sai de noite, e topando com um lugar onde um jumento se espojou, começa o fado. Daí por diante, todas as terças e sextas-feiras, de meia-noite às duas horas, o lobisomem tem de fazer a sua corrida ... Quem ferir o lobisomem, quebra-lhe o fado; mas que se não suje no sangue ou herdará a triste sorte... Para desencantá-lo basta o menor ferimento que cause sangue. Ou bala que se unte com cera de vela que ardeu em 3 missas de domingo ou na missa do galo, na meia-noite do Natal. "
Heródoto, historiador grego, conta que na Grécia antiga havia um rei de nome Licaon, que tentou matar Zeus, o deus dos deuses e, como punição, este o transformou em um lobo. Em outras histórias, Licaon teria servido carne humana para Zeus e, por isso, foi transformado em lobo. Essas e outras lendas foram contadas e recontadas por vários povos e a crença no lobisomen foi sendo difundida em vários países. Na Itália, mais ou menos na época em que os portugueses vieram para o Brasil, acreditava-se que os lobisomens não faziam mal algum. Pelo contrário, protegiam as plantações dos ataques das bruxas, que levavam toda a colheita para o diabo. Os lobisomens saíam em busca da colheita para devolvê-la aos camponeses da cidade de Friul. Por isso, eram chamados de feiticeiros do bem. Alguns padres portugueses - que vieram para cá nas caravelas - diziam que as bruxas, os lobisomens, o diabo e outros seres fantásticos resolveram mudar-se para o Brasil porque aqui ainda não havia chegado a Igreja Católica. Aqui, segundo os portugueses, habitava um povo sem fé; sem rei e sem lei. E como os padres haviam conseguido expulsar da Europa esses seres, eles resolveram vir morar no Brasil. Claro que esse era apenas o argumento dos padres para mostrar o quanto a Igreja Católica era poderosa e, com isso, tentar convencer os índios a se converterem a esta religião... Nas grandes cidades, nem tanto, mas no interior do Brasil ainda se contam muitas histórias de lobisomen. Dizem que numa família de 7 filhos homens o caçula pode virar lobisomen se não for batizado pelo irmão mais velho. E tem mais: na hora em que vira lobisomen tem de correr 7 fontes, 7 cemitérios e 7 igrejas. Só depois dessa maratona é que ele volta à forma humana. Dizem, ainda, que os lobisomens atacam o gado, as galinhas e as pessoas, tudo em busca de sangue. Para matá-lo é preciso atirar uma bala de prata.
  Macunaíma 
-É um misto de deus e herói lendário do extremo norte da Amazônia, alto Rio Branco, área do grupo Aruaque. Tal como jurupari, este também é um enviado dos céus. Converteu tronco de madeira em gente e bichos. Esse mito já produziu uma obra-prima da moderna literatura brasileira: “Macunaíma”, de Mario de Andrade, livro que não pode deixar de ser lido com alegria.

Mula sem Cabeça




   Personagem monstruosa em que se transforma a mulher que fez algum mal. No passado diziam que mulher que namorasse padre ou compadre tinha esse destino. Acredita-se que a metamorfose se dá na noite de quinta para sexta-feira e ela sai pelo campo soltando fogo pelas ventas e relinchando. Seu encanto, segundo a lenda, somente será quebrado se alguém conseguir tirar o freio de ferro que carrega na cabeça. Em seu lugar, aparecerá uma mulher arrependida. "...Os detalhes variam. É uma mula que não tem cabeça mas relincha. É um animal quase negro, com uma cruz de cabelos brancos. Tem olhos de fogo. Tem um facho luminoso na ponta da cauda. Geme como uma criatura humana. Não geme, relincha e ao terminar, geme como se morresse de dor... Para que a manceba do padre não vire burrinha é preciso que este não esqueça nunca de amaldiçoá-la, antes de celebrar a santa missa..." dizem Alceu Maynard Araújo e Vasco José Taborda em Estórias e Lendas de São Paulo, Santa Catarina e Paraná.
Reza a lenda que qualquer mulher que namorar um padre pode virar mula-sem-cabeça porque namorar padre é pecado. Agora, veja como essa história é injusta: o padre não pode ter namorada, mas, se tiver, só a mulher é castigada. A pobre coitada vira uma mula que solta fogo pelas ventas e nunca mais desvira. Com o padre não acontece nada. Essa história de mula-sem-cabeça veio da Península Ibérica, parte da Europa que hoje está dividida entre Portugal e Espanha. Provavelmente, surgiu porque, no século XII, as mulas eram os animais mais próximos dos padres, que se locomoviam de um lugar para o outro montados nesses animais, considerados seguros e resistentes. Além dessa história de ser namorada de padre, já ouvi dizer, também, que se uma mãe tem sete filhas mulheres e não der a mais nova para a mais velha batizar, a caçula vira mula-sem-cabeça, igualzinho ao caso do lobisomem. 







- Negrinho do Pastoreio - Na tradição gaúcha, uma espécie de anjo bom, ao qual se recorre para achar objetos perdidos ou conseguir graças. É o negrinho escravo que o dono da estância pune injustamente, açoitando-o e depois amarrando-o sobre um formigueiro. Mas seu corpo aparece intacto no dia seguinte, como se não tivesse sofrido nenhuma picada , e sua alma passa a vaguear pelos pampas.
Negro D'Água - Esta história é muito difundida entre pessoas ribeirinhas e pescadores, principalmente na Região Centro Oeste do Brasil, onde muitos dizem já tê-lo visto.

- Papa-Figo - Duende do ciclo dos monstros assustadores de crianças. Seria o "lobisomem" das cidades. "...havia ainda o papa-figo, homem que comia o fígado de menino. Ainda hoje se afirma... que certo ricaço de Recife, não podendo se alimentar senão de fígados de crianças, tinha seus negros por toda parte, pegando menino em saco de estopa". É um velho sujo, horrível, esmolambado. Entrega doces, brinquedos e a narração de histórias para atrair crianças à saída das escolas ou aqueles cujas babás são distraídas ou namoradeiras. Alguns comiam, mas outros vendiam a potentados doentes o fígado de seus pequenos prisioneiros.
 
- Pé-de-Garrafa - Ser que habita florestas do Paraná, Maranhão e Piauí - " O pé-de-garrafa é uma espécie de caapora, pois, segundo Vale Cabral, além de habitar nas matas, "grita como um homem e deixa nas estradas as suas enormes pegadas, que, por se assemelharem ao pé da garrafa, lhe tomaram o nome". Ele possui corpo de um homem, cor negra, umbigo branco, corpo coberto de pêlos, apenas um único olho que fica na testa, um chifre na testa, apenas um braço, mão com grandes garras e uma perna que não possui pé e sim um formato de fundo de garrafa (o que lhe dá o nome). ( Mitos secundários do Maranhão e Piauí, registrados por Basílio de Magalhães) - Saber mais
 - Saci-Pererê - Entidade fantástica, negrinho de uma só perna que, segundo a crença popular, persegue os viajantes pedindo fumo ou lhes arma ciladas pelo caminho. Peralta e perneta, usa uma carapuça vermelha e um cachimbo na boca, e vive atazanando a vida das pessoas. Assusta o gado no pasto, dá nó no rabo dos cavalos, trança suas crinas e cria pequenas dificuldades domésticas. A carapuça vermelha é mágica e o faz ficar invisível e aparecer ou desaparecer num redemoinho de vento. Ele se faz anunciar por um assobio estridente. Para apanhá-lo pode-se usar um rosário ou uma peneira de taquara. Quem conseguir tirar sua carapuça receberá "favores". O saci povoa o imaginário das pessoas simples e é muito temido nos confins de nossos sertões... mas não é maldoso, só brincalhão. Sua popularidade se deve muito a Monteiro Lobato, que o transformou em personagem do "Sítio do Picapau Amarelo" onde Pedrinho, em uma de suas aventuras pela floresta do taquaral, pegou o Saci. Desde então, ele se diverte pregando sustos na tia Nastácia.
Saci ou Matin - No Pará e no Amazonas, a imagem do saci é a de um curumim que anda numa única perna e tem os cabelos cor de fogo. Usa um gorrete vermelho e está sempre com seu cachimbo. Dizem que o saci tem por companheira uma velha índia - ou uma preta velha, maltrapilha, cujo assobio arremeda seu nome: Mati-Taperê. Alguns crêem que ele é filho do Curupira; outros o identificam como um pequeno pássaro que pula numa perna só; há também aqueles que dizem que as mãos dele são furadas no centro.(Painel de Mitos & Lendas da Amazônia, Franz Kreuter Pereira, Belém, 1994) - Saber mais - Inquérito sobre o Saci-Pererê
  - Tupi -
Seria um dos heróis povoadores do Brasil indígena, vindo com seu irmão, Guarani, de remota e misteriosa região além-mar. Segundo a lenda, ambos formaram uma nação que se dissolveu por intrigas femininas. "... Dois irmãos, chamados Tupi e Guarani, viajando sobre o mar, elegeram ao Brasil, e com os seus filhos, povoaram o país; mas um papagaio falador fez nascer a discórdia entre as mulheres dos dois irmãos, donde surgiram a desavença e a separação, ficando Tupi na terra, enquanto Guarani e sua família emigraram para a região de La Plata". - Tutu - Ser imaginário (papão ; bicho- papão) com que se mete medo às crianças; fantasma ; monstro imaginário.
Entidade com que se mete medo às crianças quando choram. É roncador. A forma em que o idealizam na Bahia é a de um catitu ou porco do mato. Deste primeiro nome talvez se originasse o termo Tutu, que é popular em todo o Brasil. Ouvi porém dizer que é voz africana e que era usada pelas amas negras. Na Bahia também Tutu-cambê: Olhe o Tutu!... E vem ele! Quando os meninos choram o Tutu vem comer eles... não chore não!
Cantigas de ninar :



  Bicho-papão
/ Sai de cima do telhado / Deixe este menino / Dormir sossegado .
As origens da palavra Tutu, ser sobrenatural com que se mete medo às crianças quando choram

- Caipora
È sinônimo de azar, de má sorte. Segundo a mitologia tupi, um personagem das florestas, protetor das caças do mato, com a propriedade de atrapalhar os negócios de quem o vê. Quando um projeto sai errado, se diz que seu autor viu o caipora ou caapora. Dizem que é doido por fumo, parando todo viajante para conseguir uma pitada. O Caipora protege os animais selvagens e prejudica os animais domésticos. Contam que ele é capaz de ressucitar um animal morto. Os caboclos caçadores respeitam por medo a ele, algumas regras: não perseguem fêmeas grávidas e nem filhotes de qualquer animal, não caçam à sexta-feira em noite de luar e nem aos domingos e dias santos. É representado de formas diversas. Em algumas regiões, é uma indiazinha feroz. Em outras, um indiozinho ou homem de pele escura, como o curupira, só que com os pés normais e peludo, montado num porco do mato (queixada). É descrito também como criança de uma perna só, como o Saci, com a cabeça enorme, ou só um olho. "O aspecto do caipora varia conforme a impressão que causa e a pessoa que ele tem que arruinar e fazer infeliz. Freqüenta, de ordinário, as encruzilhadas e as curvas dos caminhos. Antigamente, só espantava os caminhantes a pé ou a cavalo, fazendo este passarinhar e dar com o cavaleiro ao chão. Atualmente, ele coloca pedras nas estradas de rodagem para fazer capotar os autos e caminhões; serra as vigas das pontes e dos mata-burros para causar desastres. De tempos em tempos, ele se hospeda nas povoações, cercado de inúmeros caiporinhas, que são outros tantos diabinhos, que entram no couro do pessoal festeiro, isto principalmente na época do carnaval e da queima do Judas". diz Regina Lacerda em Estórias e Lendas de Goiás e Mato Grosso. Fontes: Dicionário Univ. da Língua Portuguesa / Minidicionário Aurélio / Almanaque Abril (1995)
O caapora apresenta-se como um moleque pretinho, que cavalga porcos selvagens; mas também pode ser descrito como uma caboclinha de longos cabelos, duros feito espinhos, e que, em troca de tabaco, é capaz de dar ao caçador tanto a caça que ele deseja quanto o próprio sexo. Os índios e caboclos acreditam que, prendendo um caapora, ele é obrigado a conceder um "poderzinho" ou atender a um desejo, em troca da liberdade. A armadilha para capturá-lo e a isca utilizada consistem apenas numa cuia e aguardente. Derrama-se a cachaça na cuia, que deve ser colocada num lugar onde ele já tenha aparecido, ou no local onde tenha sido chamado previamente. Depois de ter bebido a cachaça, torna-se presa fácil para qualquer um, porém até hoje ninguém conseguiu tal façanha. Apesar de, em alguns casos, essa entidade aparecer como má e vingativa, a versão geral é a de que ele é um duende protetor da floresta e da caça. Daí alguns autores o identificarem com o curupira.